Sexta geração da Labareda Agropecuária absorve novas tecnologias para dar mais sabor à produção do café
“Se não estudar, vai trabalhar na roça”, ameaçavam alguns pais no passado. Hoje, muitos dizem: “se quiser ficar na roça, vai ter de estudar!”. Dessa maneira, Lucas Lancha Mei Alves de Oliveira, de 33 anos, ilustra as transformações ocorridas no campo nos últimos tempos, impulsionadas pelo surgimento de tantas novas tecnologias. Como representantes da sexta geração de plantadores de café no Estado de São Paulo, ele e o irmão Gabriel, de 32 anos, seguem a tradição da família com muito orgulho e excelentes resultados.
Atentos às oportunidades da chamada Agricultura 4.0, eles adoram controlar a vida do campo a partir de um “simples” smartphone nas mãos. É por ali que observam a meteorologia, controlam irrigação, acompanham oscilações do mercado, vendem produtos e compram insumos, entre outras atividades extremamente facilitadas nos dias atuais. Captar, entender e traduzir um gigantesco volume de dados é um desafio e tanto que eles estão muito dispostos a encarar. “Não tem como fugir da ciência de dados. Precisamos estar abertos às mudanças, é um processo irreversível”, admite Lucas.
Dos 3 mil hectares pertencentes ao grupo Labareda Agropecuária, com sete fazendas no Estado de São Paulo, 740 hectares são destinados à plantação do café. A cana ocupa 1.150 hectares e a soja, 430 hectares. Há uma área de preservação permanente e um outro tanto destinado à pecuária.
Assim como as cervejas e os hambúrgueres estão cada vez mais sofisticados e com um público crescente em busca de novidades gourmet, também o café vem adquirindo ares de sofisticação no gosto do brasileiro.
Recentemente, os irmãos Lucas e Gabriel estiveram na Colômbia em busca de novidades, além de pesquisarem tudo sobre o assunto ao redor do mundo. Na Fazenda Bom Jesus, em Cristais Paulista (município vizinho a Franca, grande produtor mundial de calçados), eles contam com o suporte de um Q-Grader, profissional de degustação e classificação de cafés que recebe uma certificação mundial ligada ao Instituto de Qualidade do Café (Coffee Quality Institute). “Durante a safra ele prova todos nossos cafés. Se tomaram chuva, os grãos ficam separados. Se entraram em contato com a terra, também são reservados. Temos excelência em produção, apoiados por muita tecnologia”, explica Lucas, responsável por toda a operação, que envolve plantação do café, colheita, processos de qualidade etc.
“É crescente a preocupação de pequenos produtores na melhoria da qualidade do café. Isso é muito bom para todo o mercado. É difícil processar grande quantidade de café e produzir um produto especial. Não podemos perder o foco, é um desafio”
Lucas Lancha Mei Alves de Oliveira
Toda a área comercial fica sob os cuidados do irmão Gabriel. A produção média é de 25 mil sacas de café, sendo 80% voltado à exportação. O contêiner segue até a Fazenda Bom Jesus para ser carregado e, dali, viaja lacrado ao Porto de Santos (SP). Os principais destinos são Austrália, Estados Unidos, Japão e Europa. O número de funcionários normalmente é de 80 pessoas, subindo para 140 com os safristas.
Os bons resultados aparecem também nas premiações recebidas em vários eventos, fruto de anos de investimento em busca do aperfeiçoamento do resultado final. Lucas lembra que a Bom Jesus, por exemplo, foi a primeira fazenda no Estado de São Paulo a receber a certificação UTZ, programa de certificação mundial que estabelece normas para garantir a produção agrícola e fornecimento responsáveis de café, cacau e chá.
Em 2019, o café produzido pela família ficou na 9ª colocação nacional no Concurso Coffee of the Year e em 1º lugar na região da Alta Mogiana, onde a fazenda está localizada. O evento acontece durante a Semana Internacional do Café.
Uma inovação recente no setor é o café fermentado, que nas etapas pós-colheita adiciona levedura para intensificar o processo de fermentação. Os resultados em relação à qualidade, segundo Lucas, vêm sendo discutidos no setor e ele não fica de fora nem um segundo, atento a todos os movimentos. Outra novidade mexeu com a rotina da família em 2015, quando foi lançada marca própria de café torrado e moído: o Café Labareda. O processo industrial acontece na própria Fazenda Bom Jesus. A única exceção é o encapsulamento do produto voltado às máquinas de café. Desde 2018, o Café Labareda chega à Inglaterra e, mais recentemente, também na China. “Estamos apenas no começo, temos muito crescimento pela frente com o café torrado e moído”, continua.
Uma inovação recente no setor é o café fermentado, que nas etapas pós-colheita adiciona levedura para intensificar o processo de fermentação. Os resultados em relação à qualidade, segundo Lucas, vêm sendo discutidos no setor e ele não fica de fora nem um segundo, atento a todos os movimentos. Outra novidade mexeu com a rotina da família em 2015, quando foi lançada marca própria de café torrado e moído: o Café Labareda. O processo industrial acontece na própria Fazenda Bom Jesus. A única exceção é o encapsulamento do produto voltado às máquinas de café. Desde 2018, o Café Labareda chega à Inglaterra e, mais recentemente, também na China. “Estamos apenas no começo, temos muito crescimento pela frente com o café torrado e moído”, continua.
Tratores “forçudos”
Atualmente, a família conta com três tratores John Deere para utilizar na preparação do solo, tratos culturais e plantio do café. São eles: 6190J, 6125J e 6100J, com transmissão PowrQuad®, indicado para todos os tipos de terrenos. Em sua opinião, os tratores da John Deere têm a robustez como um grande diferencial, com destaque também para a tecnologia RTK, sistema que proporciona muita precisão. Os tratores demonstram força na reserva de torque, dando maior rendimento ao equipamento.
“A acústica na cabine também é muito boa, com baixo ruído interno. Além disso, apresentam excelente durabilidade, não quebram fácil”, ressalta Leandro Lombardi, responsável geral por todas as áreas da Labareda Agropecuária.
“Quem busca qualidade em seus produtos precisa ter qualidade para produzir. A John Deere preza muito pela tecnologia, qualidade e satisfação do cliente, seja dentro ou fora do Brasil, exatamente como eles. Por isso, são clientes tão especiais para nós”
Leandro Jesus de Souza, gerente Corporativo da Colorado Máquinas, concessionária que atende a família
Lucas, que desde criança compartilha a paixão por tratores com Leandro, resume a potência do maquinário John Deere de maneira bem clara: “Eles são forçudos. Fazem o que é necessário com sobra de potência”. Os operadores foram bem treinados para utilizar o equipamento da melhor maneira possível, inclusive para aprender a usar o GPS. Outro item que lhe encanta é a possibilidade de mudar marchas sem utilização de embreagem. O resultado é um rendimento bem maior no dia a dia.
História começa com tataravós
O envolvimento da família com o café tem início com os tataravôs de Lucas e Gabriel, produtores em Luís Antônio, cidade localizada na Região Metropolitana de Ribeirão Preto (SP). As gerações seguintes foram na mesma pegada. Mas quis o destino que um certo dia uma nova família adquirisse o terreno ao lado dos avós maternos. De um lado da cerca estava a jovem Flávia (de sobrenome Consoni Olivito Lancha). De outro, o rapagão Gabriel Afonso (de sobrenome Mei Alves de Oliveira).
Eles namoraram, casaram e da união nasceram Larissa, Lucas e Gabriel Afonso (de sobrenome Lancha Alves de Oliveira, para ficar um pouco diferente do pai). Em 1984, o avô paterno adquiriu a Fazenda Bom Jesus, a 35 quilômetros de Franca, e alguns anos depois o casal com os três filhos se mudaram de vez para a cidade.
A disposição de arregaçar as mangas na Fazenda Bom Jesus partiu primeiro de Lucas, em 2011. Afinal, ele estudou Agronomia na faculdade e, desde criança, gostava de passear nas terras da família, brincar nos tratores e ser livre no campo.
Gabriel, formado em Administração no Rio de Janeiro, optou por trabalhar em um banco inicialmente. Até que, em setembro de 2014, aceitou o convite da família. Larissa, a outra irmã, segue como sócia em um renomado escritório de advocacia em São Paulo.
Já Gabriel (pai) faz parte do Conselho da Labareda Agropecuária, nome dado em homenagem à Fazenda Santa Terezinha da Labareda, onde nasceu.
Lucas torce para a próxima geração da família também se apaixonar pela vida no campo e pelo café. Enxerga essa possibilidade em Helena, de quase três anos, que cresce correndo pela Fazenda Bom Jesus. A irmã Gabriela, de nove meses, possivelmente irá pelo mesmo caminho quando der os primeiros passos. Heitor, filho de Gabriel e que tem pouco mais de dois anos, não fica atrás e sempre acompanha o pai. A torcida da família envolve também Júlia, de 7 anos, filha de Larissa.
Com certeza, até os pequenos crescerem e assumirem seus papéis profissionais nessa organização familiar, muitas transformações acontecerão no agronegócio, provocadas pelas tecnologias que ainda irão surgir. Mas o prazer de um bom café, acompanhado de uma prosa gostosa, não irá acabar nunca.