Mesmo com as previsões de safra recorde de mais de 90 milhões de toneladas, os preços da soja devem continuar lucrativos para o produtor brasileiro.
A situação só deve mudar com a entrada da safra norte-americana no segundo semestre.
A estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra brasileira em 2014 coincide com as projeções do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) e de consultorias privadas como a Safras e Mercado e a INTL FCStone. A estiagem que atinge alguns Estados e interfere na produção local também não diminui a previsão de safra do país por enquanto.
– Nós temos visto, sem dúvida, uma estimativa de aumento de produção que pode chegar até 90 milhões de toneladas. Entretanto, existe a dúvida, uma variável nova que é o clima. Em Goiás, por exemplo, em Catalão houve uma incidência maior de altas temperaturas sem chuva e podemos afirmar que lá as perdas poderão chegar a 30% – aponta o diretor-executivo da Aprosoja Brasil, Fabrício Rosa.
Com o avanço da colheita, a safra deve pressionar as cotações. A saca de soja no Porto de Paranaguá, que hoje vale em torno de R$ 66, deve custar menos em março e abril.
– A gente pode reduzir, por exemplo, os preços em torno de R$ 5 por saca. No pico da safra, a redução pode ser de R$ 5 a R$ 6 por saca, principalmente no Porto de Paranaguá – avalia o consultor INTL FCStone Glauco Monte.
Fabrício Rosa diz que Mato Grosso até o momento comercializou antecipadamente 50% da sua produção. Em todo o Brasil, esse índice de comercialização está em torno de 20% a 30%, segundo Rosa.
– Existe uma margem para a comercialização desse produto em preço muito melhor nos próximos dias, se não tivermos toda essa pressão tanto do ponto de vista da demanda quanto do climático também aqui na América do Sul. Não é só o Brasil que está passando por problemas climáticos a Argentina também está experimentando um clima que prejudica as lavouras no país.
Segundo o consultor da INTL FCStone, a produção recorde do Brasil, mais as safras da Argentina e dos Estados Unidos, aumentam os estoques globais da oleaginosa, mas a grande oferta encontra suporte na demanda aquecida.
– A China consome quase 70% da soja exportada entre Brasil, Argentina e Estados Unidos. Quando a gente fala de demanda, realmente é a demanda chinesa que deve aumentar em 10 milhões de toneladas perante o ano passado. É um volume de soja muito grande que a China tem que embarcar e isso enxuga a soja americana, vai consumir boa parte da soja brasileira e a expectativa é que continue esta demanda por mais um tempo neste ciclo e no próximo também – aponta Glauco Monte.
Apesar da maior oferta de soja no Brasil acontecer agora no primeiro semestre, é provável que os preços reduzam no segundo semestre, quando acontece a entrada da safra norte-americana. Uma grande produção nos Estados Unidos deve significar preços menores no Brasil no final do ano e também na safra de 2015.
– No mercado brasileiro, se exportar os 45 milhões vai enxugar o mercado brasileiro e isso pode segurar os preços no segundo semestre. Além disso, o que pode dar um suporte de preço e não ter queda – e até ter os preços um pouco mais pra cima – é o câmbio. A economia brasileira está com dificuldades e não está sendo muito bem-vista no mercado internacional. Isso tem efeito no câmbio, com o dólar entre 2,4 e 2,5. Isso pode ajudar o produtor mesmo com o cenário mais negativo das cotações de Chicago – conclui Glauco Monte.
Fonte: http://agricultura.ruralbr.com.br/noticia/2014/02/precos-da-soja-devem-continuar-lucrativos-para-o-produtor-brasileiro-4416646.html